MERCADO DE PULGAS, VINTAGE STORES E BRECHÓ:
O Preconceito
Muitos consumidores ainda não
aprovam a idéia de comprar e usar roupas usadas. A possibilidade de a roupa ter
sido usada por alguém doente, morto, ou com um padrão de vida inferior assusta
e interfere na aquisição destas mercadorias. Ainda que esteja limpa,
muitos têm a impressão de que a roupa esteja impregnada com algo ruim. A roupa
pode ter sido pouco usada e estar limpa na arara, ter sido lavada e
esterilizada, mas a crença de que energias permanecem nos objetos não estão
condicionadas a isso. A idéia de que as roupas de pessoas mortas incorporam as suas
antigas energias vigora por diversas razões. Isso tudo gera
preconceito para com os produtos vendidos nos brechó.
A sujeira pode ser uma sujeira concreta, como por exemplo, uma mancha de suor, de sangue, uma sujeira subjetiva, abstrata, como as que envolvem energias negativas ou sexo e moral. E em alguns casos, a sujeira objetiva se transforma em subjetiva. Uma mancha de sangue encontrada em uma peça de roupa do brechó possibilita ao consumidor imaginar vários motivos que justifiquem esta estar ali.
Lígia Krás diz que tabus referentes à sujeira e morte, estão presentes na questão do estigma em relação à roupa usada por outra pessoa. Em alguns casos o tabu deixa de ser referente à roupa e passa a ser pelo brechó, acreditando que a loja esta repleta da energia presente nas roupas usadas. O espaço físico estaria carregado, ou seja, a sujeira aí deixa de ser concreta e passa ser astral, o físico vira energético, a impureza aqui não é mais o suor e sim o passado das pessoas que usaram aquelas roupas e o fato de acreditarem que toda a sujeira espiritual que a pessoa carregava consigo não foi eliminada. A questão da energia quase sempre é relacionada à negatividade.
No caso do tabu da roupa usada, a energia é geralmente vista como ruim, ao contrário de objetos que nem sempre são relacionados a uma energia negativa. Pensar sobre roupas significa pensar sobre memória, mas também sobre posse e poder. “Ao se apossar daquilo que pertenceu à outra pessoa, é possível sentir uma expectativa pelo que pode acontecer enquanto estivermos usando determinada roupa, sapato ou acessório” (Peter Stallybrass, O Casaco de Marx: Roupas, Memória e Dor).
Lígia Krás é socióloga e antropóloga e seus estudos são direcionados para a área da
Antropologia do Consumo, mais especificamente para comportamento e
consumo de objetos e roupas usadas (segunda mão) e consumo de bens com
memória como o vintage e o retrô. O Passado Presente: Um estudo sobre o consumo e uso de
roupas de brechó
em Porto Alegre (RS) Artigo, 2008.
♥
E assim a série Vintage x Retrô chega ao seu último post, espero que tenham gostado...
Um super beijo para as minhas queridas e fiéis leitoras, que passam por aqui todos os dias!
Obrigada!
♥ ♥ ♥
Até com minha internet que estava um lixo eu passei aqui todos os dias!
ResponderExcluirmuito bom seu trabalho de pesquisa e desdobramento de texto que traduz bem as duas questoes, alem de de ser uma forma facil de aprendizado ^^
Valeu pelas "aulas" virtuais!
beijos
Adorei! Bj!
ResponderExcluirAmei!!
ResponderExcluirParabéns me ajudou muito.
bjuss
Parabéns pelos posts! Demais!
ResponderExcluirTudo perfeito, uma viagem no tempo. Pena a autora achar que seu público é somente feminino.
ResponderExcluirO público que consome roupas vintage abrange tanto homens como mulheres sim, porém o público alvo do meu blog é sim somente o feminino. :)
ExcluirAdorei todos os post, pois sou louca por brechós e sofro certo preconceito de muita gente, mas nem ligo, estou sempre entrando em qualquer placa q diga Brechó <
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