velho, usado e antigo
Com o surgimento da moda Vintage o antigo passou a ser objeto precioso de consumo, mas por uma questão de moda, do discurso da moda. Os discursos da mídia só legitimam ainda mais um tipo específico de uso da roupa usada, que é o que combina peças antigas ou suas releituras com peças atuais, numa estratégia de mercado que ao mesmo tempo em que incentiva o resgate de outras épocas, incentiva o consumo de peças atuais. Porém, convém ressaltar que novo, velho, usado e antigo são classificações relativas, nesse sentido. Pode ser um vestido novo de 1960, ele será novo se nunca tiver sido usado, essa é a relação do novo com o usado. E pode ser um vestido velho de 2005, se ele tiver sido usado várias vezes. O antigo é qualquer coisa de épocas passadas, no qual pode ser antigo e novo, caso tenha sido pouco usado ou mesmo guardado sem nunca ter sido usado (Lígia Kras, Artigo de 2008).
É importante deixar claro que o preconceito pelo velho e usado não deixou de existir nem mesmo por quem gosta muito de roupas antigas. O preconceito com o antigo era maior, mas por uma questão de estratégia do mercado da moda isso tem diminuído. Porém, as pessoas que gostam do vintage tem alguns problemas na hora de comprar uma roupa, como falta de numeração, qualidade do tecido, desgaste das peças, etc. Sendo internacional ou nacional, é importante analisar a qualidade da peça, pois pequenos ajustes podem ser feitos, como pequenos acertos que não alterem a modelagem, como barra, comprimento das mangas, mas não dá para arriscar substituir um forro ou fazer remendos, muito menos mandar tingir, pois elas acabam perdendo suas características originais. Muitas peças apresentam acabamentos e costuras com defeitos ou manchas e marcas no tecido.
Vintage Store no mercado de pulgas em Paris. |
Gilda Chantaigner, em seu livro "Vintage: a cultura de segunda mão e o resgate cultural da memória brasileira", afirma que não é muito comum no meio intelectual e muito menos no jornalístico a percepção da moda como uma atividade intimamente ligada a símbolos e linguagens culturais mais amplas, cujo caráter de memória vem sendo subestimado em função da velocidade da ditadura do tempo. O conceito de vintage pode contribuir para o resgate de memória como valor cultural que pode ter repercussões diretas no mundo da moda, inclusive no Brasil. Entretanto, ainda não é possível identificar se a crescente procura por roupas, acessórios e artigos de moda de épocas passadas no Brasil é um simples modismo ou algo que aparece como meio de resgate cultural da memória.
Mercado de pulgas de Saint Ouen, Paris |
"O público desse tipo de roupa relaciona seus gostos com um resgate histórico e cultural através de seus estilos de vida e buscam no antigo muito mais do que apenas uma sensação de estar na moda ou ser diferente pelo exótico que a roupa do brechó muitas vezes proporciona. Para eles significa um resgate cultural, uma volta aos “bons tempos” em que as coisas eram “de verdade”,elegantes, alinhadas,em que música, literatura, cinema tinham mais conteúdo e as artes,as relações sociais,os valores e até as modas não eram tão efêmeras" (Lígia Kras).
CONTINUA...
No próximo post: Os tipos de brechó e o preconceito.
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Estou adorando a sequência de posts! Maravilhosos viu??? Assim como seus looks! Bjs.
ResponderExcluirTá arrasando nestes posts!
ResponderExcluirestou adorando estes posts sobre VintageXRetrô. na verdade sempre tive essa duvida e nunca fui atrás.. mas agora nem precisa, você está detalhando tudo (:
ResponderExcluirVou acompanhar os desdobramentos do Vintage x Retrô nos próximos post e ler as publicações antigas também. Adoro o estilo e estou adorando aprender um pouco mais a respeito com você. Beijos!
ResponderExcluirwww.roadtripdanina.com
estou adorando os posts!! adoro vintage e retro !
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